domingo, 8 de setembro de 2013

Gente que faz bem pra gente

Estendi-lhe a mão e ela me puxou para um acolhedor abraço, antes mesmo de saber quem eu era.
Cabelos totalmente brancos, brilhantes, como se branco fosse sua cor natural desde a infância. Aliás, pequenos cachos nas pontas pareciam sugerir mesmo um cabelo infantil.
A pele, muito clara, de uma textura incomum para alguém de sua idade, estava um pouco rosada nas maçãs do rosto sorridente.
Os olhos, disseram-me serem azuis, mas não consegui definir o tom. O que saltava aos olhos (aos meus) era a ternura com que olhavam para qualquer ser vivo que cruzasse seu campo de visão.
"É descendente de italianos", alguém me disse
"Lembrou-me minha avó, só que mais corpulenta. Minha avó era alemã", pensei
Ele, mais calado, sorria sempre.
Na cozinha um pote para água feito de barro por meu sogro há mais de 50 anos.
Panelas de alumínio, cuidadosamente areadas, brilhavam em prateleiras típicas das casas de roça.
- Vocês já vão? É cedo! Mas vão voltar, né?
Virou-se pra mim:
- Olha, se ele não quiser vir, você vem assim mesmo, viu? Vem sozinha, pega o ônibus e vem.
E com uma risada apaziguou meu companheiro que protestava.
O imprescindível "vão com Deus"
E saímos de lá com o coração em festa.

Sabe esses lugares que a gente chega e já sente um calorzinho gostoso na alma, um acolhimento, uma paz? Esses lugares onde a gente tem vontade de se aninhar no sofá e ficar quietinho, só sentindo aquela energia boa que emana das pessoas que ali vivem?
Foi assim que me senti hoje.
Gente que nem sabe o bem que faz pra gente, mas que não sabe ser diferente.
O mundo anda muito precisado de gente assim

Inspirado em D. Selma e Seu Álvaro, de Santana da Vargem/MG 

sábado, 7 de setembro de 2013

Palavras do mundo


A PALAVRA PAULISTANA


A palavra cantada 
Coral da polícia Militar de São Paulo interpreta, lindamente, canções populares em frente ao Parque Trianon.


     A palavra dublada
Solitário Elvis encanta transeuntes apressados com sua performance.


 A palavra escrita 
Anônimos poetas urbanos derramam sua poesia pelos muros e feiras da metrópole.




A palavra engasgada
Protestos diversos explodem no principal centro financeiro de São Paulo



A palavra pensada
Natureza e modernidade se fundem na cidade que não pode parar - "Vida"


Fotos tiradas por Lu Madrid em 24/02/2013 na região da Av. Paulista - SP

Vício

VÍCIO


 Fumegante beberico.
 Preto, forte, aromático.
 Puro, quente, bem coado.
 Companheiro estimulante.
 Prazer e vício,
 Amor, amante.

 Acompanhado de um bom livro...
 Na conversa com um amigo...
Amargo ou doce,
 Profundo ou brejeiro.
Cotidiano,
imprescindível..
É do mundo.
É brasileiro.