domingo, 23 de outubro de 2016

As invenções de Raul


Era o que ele fazia melhor!

Naquele tempo ele assistia TV até tarde. Para não incomodar o resto da casa, inventou um fone de ouvido (numa época em que não existia tal apetrecho). Prendeu uma mangueirinha no alto-falante do aparelho com um funil e, na outra ponta da mangueira, um funil menor se ajustava ao ouvido. O comprimento da mangueirinha era de acordo com a distância entre a cadeira e o televisor...

Era um tempo em que não existia papel toalha. A gente tirava a gordura das panelas, antes de lava-las, com papel de pão (num tempo em que o pão vinha embrulhado em papel e não em sacolinhas plásticas). Aí ele inventou de cortar o papel no tamanho necessário. E depois inventou um mecanismo feito com lata de óleo de soja (num tempo em que o óleo vinha em lata e não em garrafas plásticas) para pegar o papel já cortadinho de forma fácil, deixando sempre a ponta do próximo papel para ser puxada.

Era, também, um tempo em que se fervia o leite de saquinho e se comprava frutas embaladas em redinhas plásticas. Para tirar o leite ou a gordura grudados na panela, ele inventou de dobrar a redinha plástica das frutas, usando-a como uma esponja descartável.

Assim, ele inventou a reciclagem (num tempo em que ninguém se preocupava com isso)

E inventava músicas, poesias, desenhos e pinturas em quadros. E histórias.


Inventava, ainda, de nos dar beijo na cabeça toda vez que passava perto.

E de trazer cafezinhos e dizer que nos amava.

Um dia ele inventou de ir embora...

E nós tivemos que inventar um jeito de viver com saudade.


sexta-feira, 24 de junho de 2016

O Grande Arquiteto




A Terra é uma obra em andamento no universo e nós, as ferramentas da construção.

Quero ser andaime que liga:
quem age a quem precisa de boas ações;
quem cria a quem precisa de soluções;
quem está cheio de amor para dar a quem precisa receber...

Resultado de imagem para construção civilQuero ser o trator que transporta:
As boas novas;
as melhores idéias;
a paz;
a vida saudável;
os cuidados com a natureza;
e a gentileza.

Quero ser alicerce que sustenta:
a esperança;
a honestidade;
uma vida de harmonia e amor.


Mãos à obra!

domingo, 6 de março de 2016

Politica ou futebol?


Sei que este é o País do Futebol (?) e que somos competitivos por natureza. Mas, espere um pouco: não vamos generalizar as coisas. O brasileiro tem a mania de tornar tudo uma grande disputa, com cada um tomando seu partido (neste caso, literalmente). O cenário político está fervendo e ninguém quer largar seu time, ainda que ele seja rebaixado. “- Sou Corinthians (palmeiras, flamengo etc...) desde criancinha” – dizem emocionados.
Meu povo, política não é futebol. Não dá pra ser pura emoção. É preciso pensar, raciocinar, avaliar... ver se o que o levou a ser PT, PSDB, DEM e outros, continua valendo. Se os princípios são os mesmos, se o que se prometeu está sendo cumprido, se teve-se competência para seguir o programa de governo... Não dá pra ser fiel até o fundo do poço, como fazemos com o time do coração. Não é a mesma coisa!
É necessário sempre, mas especialmente nos tempos atuais, acreditar desacreditando. O Brasil inteiro tem que ser um pouco mineiro: desconfiado. Defender até a morte (em alguns casos é quase assim mesmo) um partido ou um político, só porque você confiou nele em outros tempos, já não vale mais. Infelizmente, e me perdoem os bem intencionados, a classe política do Brasil está inteira contaminada pela corrupção. E ainda que haja honestos nesse meio, não estão fazendo a diferença que deveriam. A briga é desigual, não importa o partido. Governo ou oposição, provaram ser, todos, oportunistas. Aquela ideologia de outros tempos está falida. E, do jeito que a coisa anda, não dá para ter certeza de que o político que você julga honesto hoje, não vai trair sua confiança amanhã em troca de proveito próprio.
Assim, vamos parar com este clima de “oba-oba” e “agora vai”... Nem o choro do Lula, nem as ações da PF devem levar ninguém ao delírio. Vamos ser prudentes, aguardar os acontecimentos. Não vale a pena por a mão no fogo por ninguém, pois temos nos queimado com muita freqüência. Vamos pisar com calma nesse campo minado que é a política brasileira. Se pisarmos com muita confiança podemos todos ir pelos ares. Reavaliar, a todo instante, em quem depositar nossa tênue confiança. E não deixar de fazer a nossa parte. Já se sabe que não dá pra esperar muito dos que têm o poder. Seja você PT ou “coxinha”, o Brasil continua com seus problemas na educação, na saúde, na segurança. Enquanto só se fala em Lava-jato, os dias vão passando e as coisas só piorando. Não creio que toda essa bandalheira mereça a atenção de publico e mídia que tem tido, em detrimento dos outros tantos problemas do povo brasileiro.

E vamos lá, com menos paixão e mais razão. O Brasil merece crescer bonito e forte. Amadureça, povo brasileiro!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Cadê meu beijo na testa?

Domingo passado fez 28 anos que meu querido pai deixou a Terra. Tenho pensado nele com frequência, lembrando-me, especialmente, de seu jeito amoroso de ser.
Em nosso pequeno apartamento estávamos sempre todos muito juntos e atitudes carinhosas eram abundantes ali. Ele era um beijoqueiro: sempre que passávamos por perto dele, eu e minha mãe, dava-nos um beijo na testa. Nunca ficávamos sem um "bom dia" ou um "boa noite". Orávamos sempre antes das refeições; e à noite, junto ao "durma bem" vinha o "não se esqueçam de rezar". Havia sempre um beijo de despedida ou de boas vindas sempre que saíssemos ou chegássemos, ainda que o destino fosse só a padaria ali perto.
O mundo mudou muito nestes 28 anos. E ainda que isso pareça um desabafo retrógrado (como quando nós, jovens, achávamos bobagem nossos pais dizerem que a TV acabou com a conversa familiar), assusta-me ver como o distanciamento se acelera e embota nossa capacidade de conviver.
Hoje acordamos pela manhã e, antes de qualquer coisa, pegamos o celular para enviar e receber lindas mensagens de "bom dia", repletas de palavras de afeto e bom ânimo. Depois nos levantamos da cama e "amarramos a cara", sem coragem de dar um sorriso às pessoas da família que encontramos pela casa. Beijos na testa estão em extinção. Os beijos reais agora, em sua maioria, têm conotação sexual. Beijar amigos e entes queridos? Para isso existem as boquinhas vermelhas e carinhas com biquinhos, os emojis. As orações, em profusão, são compartilhadas e mal lidas nas redes sociais, numa teoria que não pomos em prática.
Acho que é a idade... Mas tenho muita saudade dos "bom dia" falados e dos beijos na testa!