sábado, 31 de janeiro de 2009

Começo

Aqui estou eu, sem saber o que dizer...
Há uma ansiedade de palavras em meus dedos martelando o teclado.
Como se começa?
"Pelo começo", diria o Chapeleiro Louco a Alice.
E a Lebre Maluca completaria: "E quando chegar ao fim, pare!"
Filosofia de Lewis Caroll popularizada por Walt Disney. Nada mais óbvio.
O mais difícil é definir começo e fim...
No meu caso, o começo são as palavras que não vêm à mente. E espero que o fim seja com as palavras fluindo pelos meus dedos como água de riacho.
Parece que estou mais perto do começo que do fim...
Bem, vamos lá:
Quero começar este blog com uma crônica em homenagem a pessoas muito especiais que se mudaram para longe de mim nesta semana.
Familia Belineli reflete todo o carinho que tenho por eles. Boa leitura!
Família Belineli
Um dia nós nos mudamos para um condomínio onde ainda não havia ninguém. E nos sentimos sós.Mas logo chegou outra família e trouxe amizade, carinho, diversão, confortoE se tornaram mais do que vizinhos. Tornaram-se amigos-irmãos. Formamos uma família.No dia em que eles se mudaram fiquei muito feliz de ver chegando mais alguém por ali.Algum tempo depois vieram instalar o box no meu banheiro. Justo no dia que chegariam parentes de São Paulo.E o rapaz, ao terminar, me dá a notícia.” Não pode usar por 24 horas”.- Como? Eu estou com visitas, moço!!- Sinto muito, não tem jeito.Ah, tinha sim. E eu nem pedi. Só fizemos um comentário no portão e imediatamente o banheiro da casa deles foi posto à nossa disposição...O caçula de lá com a caçula de cá corriam, brigavam e brincavam pelo condomínio. Faziam doces em nossas cozinhas seguindo com atenção o “Manual de Receitas da Magali”. O brigadeiro era o preferido: faziam enrolado, branco, com côco, de colher.... E faziam deliciosamente. E sempre sobrava um pedaço pras mamães. Eram companhia um para o outro na solidão solidária dos filhos de mães que trabalham fora.Mas o tempo passou, veio a adolescência, mudaram-se os gostos, as brincadeiras, os companheiros. Só não mudou o carinho que sentiam no coração.Certa vez apareceu um rato na minha cozinha. Sem coragem para resolver o problema, corri na casa deles. Ela logo pensou em tragédia ao ver meu rosto transfigurado pelo pânico. Meu amigo-irmão foi lá resolver o problema. Eu não me atrevi a assistir a cena.Quando a mãe de nossa amiga-irmã faleceu, nós choramos com ela. E o dia em que ela apareceu na minha janela procurando um amparo para livrá-la da depressão daquele momento, eu me senti honrada por poder retribuir as muitas vezes em que encontrei em sua casa o colo, o ombro e o carinho que precisei.O condomínio ficou um pouco vazio. Para mim foi como uma parte da família que se mudasse.Mas tenho certeza que eles se foram para ser mais felizes. E por isso minha saudade tem um bocadinho de riso...e paz!!Há pessoas que são como estrelas. Mesmo quando não aparecem para nós, sabemos que estão em algum lugar, iluminando o céu de outras pessoas.