Era o que ele fazia melhor!
Naquele tempo ele assistia TV até tarde. Para não incomodar
o resto da casa, inventou um fone de ouvido (numa época em que não existia tal
apetrecho). Prendeu uma mangueirinha no alto-falante do aparelho com um funil
e, na outra ponta da mangueira, um funil menor se ajustava ao ouvido. O
comprimento da mangueirinha era de acordo com a distância entre a cadeira e o
televisor...
Era um tempo em que não existia papel toalha. A gente tirava
a gordura das panelas, antes de lava-las, com papel de pão (num tempo em que o
pão vinha embrulhado em papel e não em sacolinhas plásticas). Aí ele inventou
de cortar o papel no tamanho necessário. E depois inventou um mecanismo feito
com lata de óleo de soja (num tempo em que o óleo vinha em lata e não em
garrafas plásticas) para pegar o papel já cortadinho de forma fácil, deixando
sempre a ponta do próximo papel para ser puxada.
Era, também, um tempo em que se fervia o leite de saquinho e
se comprava frutas embaladas em redinhas plásticas. Para tirar o leite ou a
gordura grudados na panela, ele inventou de dobrar a redinha plástica das
frutas, usando-a como uma esponja descartável.
Assim, ele inventou a reciclagem (num tempo em que ninguém
se preocupava com isso)
Inventava, ainda, de nos dar beijo na cabeça toda vez que passava perto.
E de trazer cafezinhos e dizer que nos amava.
Um dia ele inventou de ir embora...
E nós tivemos que inventar um jeito de viver com saudade.