sexta-feira, 27 de março de 2009

27 de março: Dia do Circo e Dia do Teatro

Para comemorar, presto minha homenagem:

Todos os atos
by Lu Madrid

Ribalta seduz
artistas deliram
Palco à meia-luz
Mil estrelas brilham
Homens e mulheres
Tenham ou não fama
Detém os poderes
Do riso ou do drama.

Mil faces revelam
o talento, a arte
Cada atuação
traz, de si, uma parte
Tornam-se mil seres
São, porém, só um
Reis, mordomos, padres
ou homem comum.

Mil máscaras cobrem
a face do ator
seu humor, desejos,
anseios, temor
de ver refletido
em seu personagem
angustia contida
em sua própria imagem.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Brindes

Os brindes já não são mais os mesmos...Será a crise?? Qual delas?Dia desses ganhei uma caneta no posto de gasolina. Saí dali e parei em uma loja para pagar uma conta com cheque. Ótima oportunidade para usar a caneta nova!! Seria... se ela escrevesse. Rabisquei a capa do talão, um papel que estava no chão, um tícket de supermercado...nada. A balconista sentiu-se desafiada e tentou também. Nada... Por fim desistimos e ela me emprestou uma BIC, das mais comuns possíveis, sem propaganda nem frescurites... E aí? Você vai no PROCOM reclamar que uma coisa que você não pediu e nem pagou por ela (em tese) foi entregue com defeito?Os brindes já não são mais os mesmos...La em casa era a casa dos brindes: minha mãe trabalhava na Du Pont do Brasil (a multinacional que fabrica a lycra) e meu pai era vendedor da Seagram (destribuidora de bebidas). Viviam ganhando brindes nos respectivos trabalhos: O relógio de parede trazia a propaganda do whisky, as canetas (todas escreviam) eram da Du Pont, assim como uma faca (que tinha uma linda capa de couro) e o baralho plastificado com que jogávamos "buraco". Os copos tinham formas diversas e marcas também: rum, whisky, vodka, conhaque.Assim como os descansos de copo - seis de cada modelo. Havia ainda balde de gelo de isopor, blocos de anotações, calendários permanentes (não eram estes que, passou o ano, tem que jogar fora - tem gente até que coleciona). Chaveiros, então... Só São Pedro teria chave pra usar todos eles. E ninguém nunca comprou agenda lá em casa. Sempre ganhávamos com sobra, com capa de couro, os tradicionais mapa mundi e feriados do ano e mais algumas informações tipo: tira-manchas, como escrever uma carta comercial, boas maneiras, poesias etc..
Hoje em dia os brindes são assim: "Junte cinco tampinhas de refrigerante, acrescente dez reais e retire uma caneca". Então, pra quê as tampinhas? E eu que acho lindas canecas nas lojas 1,99 por bem menos que isso....
Definitivamente, os brindes não são mais os mesmos...

domingo, 15 de março de 2009

Amor e Paz

Li numa crônica de Carlos Drummond de Andrade a idéia de que é inútil que se deseje a alguém “amor e paz”, como é comum nos cartões de Natal. Diz ele que as duas coisas não podem coexistir – ou seja – onde há amor, é impossível haver paz. Admite-se qualquer outro sentimento: carinho, desejo, posse, alegria... mas paz jamais. Em sua opinião, o amor gera inquietação pelo desejo de se ter o ente amado sempre por perto (carregá-lo no bolso, se possível). E isso, segundo ele, não se aplica apenas a pessoas. Quando se ama um objeto ou um lugar, não se fica em paz enquanto não se está junto ao tal amado. E se estamos juntos, conforme a crônica, ficamos inquietos pelo momento da inevitável separação. Ou seja: Paz, neca!!!
Fiquei longo tempo pensando sobre o assunto e concluí que o problema não está na incompatibilidade de dois substantivos tão sublimes. Nós é que não sabemos amar da maneira certa. Amor tinha que ser enlevo de alma, força propulsora da evolução interior. Deveria ser como um rio sereno correndo sobre as pedras, a paisagem que se vê do alto da pirâmide em São Thomé das Letras ou a casa da minha avó. Isso tudo é sinônimo de paz. Mas nós enfiamos vaidade, possessividade, egoísmo dentro do amor e acabamos fazendo um sanduíche bem indigesto, que devoramos inteiro, sem pausa para respirar. Haja antiácido!!!