domingo, 15 de março de 2009

Amor e Paz

Li numa crônica de Carlos Drummond de Andrade a idéia de que é inútil que se deseje a alguém “amor e paz”, como é comum nos cartões de Natal. Diz ele que as duas coisas não podem coexistir – ou seja – onde há amor, é impossível haver paz. Admite-se qualquer outro sentimento: carinho, desejo, posse, alegria... mas paz jamais. Em sua opinião, o amor gera inquietação pelo desejo de se ter o ente amado sempre por perto (carregá-lo no bolso, se possível). E isso, segundo ele, não se aplica apenas a pessoas. Quando se ama um objeto ou um lugar, não se fica em paz enquanto não se está junto ao tal amado. E se estamos juntos, conforme a crônica, ficamos inquietos pelo momento da inevitável separação. Ou seja: Paz, neca!!!
Fiquei longo tempo pensando sobre o assunto e concluí que o problema não está na incompatibilidade de dois substantivos tão sublimes. Nós é que não sabemos amar da maneira certa. Amor tinha que ser enlevo de alma, força propulsora da evolução interior. Deveria ser como um rio sereno correndo sobre as pedras, a paisagem que se vê do alto da pirâmide em São Thomé das Letras ou a casa da minha avó. Isso tudo é sinônimo de paz. Mas nós enfiamos vaidade, possessividade, egoísmo dentro do amor e acabamos fazendo um sanduíche bem indigesto, que devoramos inteiro, sem pausa para respirar. Haja antiácido!!!

3 comentários:

  1. Luciana

    Parabens pelo seu blog

    Bjs

    Julio Nakano

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  2. Lu, gostei da ideia do blog. Talvez eu crie um tb, pra falar de poesia. Quanto a amor e paz, apesar do Drummond, sou mais voce, e vou alem. Enlevo de alma dá a ideia (viu, na nova ortografia!)de uma inspiração que vem do alto e te inunda, faz vc ficar em extase. Isso pode ocorrer eventualmente na vida, mas o amor que eu proponho (e que combina perfeitamente com a paz) é o amor cristão, total, absoluto, que é o vínculo da perfeição e que só pensa em doar, nunca em receber. Esse amor é atitude, pode ser cultivado dia a dia e incorporado na sua concepção de vida. É transpiração, força de vontade, espírito...
    Acho q falei muito, so queria mesmo te parabenizar.

    Vinicius

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  3. Obrigado por ter divulgado "Novas Diretrizes em Tempos de Paz"no seu blog. Se der apareça no Teatro da Maçonaria, tenho certeza que sairá de lá emocionada.
    Fernando Couto

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